FAST - a tecnologia de previsão de crimes



Existe alguma tecnologia que pode detectar a intenção de um terrorista antes dele cometer um crime? Sim, existe e já está em testes.


Em 1956, Philip K. Dick escreveu um conto de ficção chamado MINORITY REPORT que em 2002 se tornou um filme de bastante sucesso dirigido por Steven Spielberg e estrelado por Tom Cruise. A história tem lugar numa sociedade futurista onde é possível se fazer previsões de crimes de homicídio antes que eles ocorram, graças ao auxílio de indivíduos, conhecidos como precogs, que podiam ver o futuro. 
Com o crescente problema de terrorismo iniciado desde o 11 de Setembro, o Departamento de Segurança Interna - DHS ( Department of Homeland Security) dos Estados Unidos desenvolveu diversos programas de pesquisas na área de segurança e, um deles em particular, guarda uma interessante semelhança com a história da ficção. Trata-se da tecnologia FAST – acrônimo de FUTURE ATTRIBUTE SCREENING TECHNOLOGY (Tecnologia de Triagem de Atributos Futuros, numa tradução livre).
A ideia é se usar uma série de sensores não invasivos que, através do uso de imagens de vídeo, gravações de áudio e da coleta das chamadas “medidas psico-fisiológicas” como movimento e piscar dos olhos, batimento cardíaco, temperatura corporal, fornecem dados para um software que analisa e conclui que pode haver o potencial de um ato terrorista.
A Base do Projeto é o desenvolvimento e a validação do que o DHS conceituou como “Teoria da Má Intenção” – a intenção de causar danos. Embora indivíduos possam apresentar má intenção em uma variedade de situações, o foco específico do FAST é identificar pessoas que exibam indicações psicológicas que possam ser qualificadas como Má Intenção com finalidade criminosa. Cientistas do comportamento  afirmam que alguém com má Intenção age de modo estranho, mostra maneiras fora de padrão ou apresenta reações psicológicas diferentes baseadas no desenrolar de situações criminosas.


A ideia de se detectar atitudes suspeitas já havia sido realizada anteriormente através de um programa
da autoridade de segurança de transportes TSA, uma afiliada do DHS que é responsável pela segurança dos aeroportos dos Estados Unidos. Um programa chamado SPOT, acrônimo de Screening Passengers by Observations Technique (Triagem de Passageiros por Técnica de Observação) treinou mais de 3.000 oficiais que atuam em 161 aeroportos americanos com técnicas de observação de linguagem corporal e comportamento, destinadas a identificar pessoas que pudessem representar ameaça a passageiros aéreos. De acordo com a Agencia, desde a primeira fase do programa, de Janeiro de 2006 até Novembro de 2009, inspetores treinados na detecção de comportamento encaminharam 232.000 pessoas para uma segunda triagem que envolve inspeção mais detalhada de bagagens e teste de explosivos. Desse universo de  suspeitos, 1.710 foram presos, número que a TSA atribui como sucesso do programa. 
A teoria de má Intenção, em que se fundamenta o FAST, é uma criação de dois psicólogos: Daniel Martin
e sua esposa Jennifer Martin. Daniel, da Universidade de Yale em Connecticut, que trabalhou na área de entorpecentes. Daniel teve de desenvolver a teoria desde o inicio, uma vez que não havia trabalhos publicados com testes psicológicos, comportamentais ou indicativos paralinguísticos que pudessem detectar más intenções de modo efetivo. Martin e sua equipe publicaram o que eles dizem ser o primeiro estudo que contempla má intenção em um estudo realístico de pesquisa aplicada. 
O desenvolvimento do FAST teve início em 2008. De acordo com o DHS, o FAST emprega cinco  sensores remotos que podem medir as pupilas e também perceber o olhar fixo de indivíduos.  Há também câmeras térmicas que mapeiam sutis diferenças na temperatura do rosto, além de áudio onde se analisa mudança de timbres em vozes humanas.
Vídeo de alta resolução é usado para analisar expressões faciais e movimento do corpo. Outros tipos de sensores especiais para detecção de feromônios também estão sendo estudados. Testes com unidades  móveis estão sendo feitos em locais não declarados nos Estados Unidos. Atualmente é declarada uma taxa  de acerto em laboratório de 70%.
Uma das empresas contratadas para os testes produziu unidades móveis sobre rodas para serem utilizadas
em eventos especiais. Um filme de divulgação do produto pode ser visto no vídeo abaixo ou através do site: vimeo.com/8166276.

Fonte: FRATE, Denis. FAST - A tecnologia de Previsão de Crimes. Jornal da Segurança, São Paulo: Agosto, ano 19, nº 216, p. 26-27, Ag. 2012.

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